“..porque furtam, furtaram, furtavam, furtariam e haveriam de furtar se mais houvesse…”
Há um crescente movimento de indignação no seio da sociedade brasileira devido ao comportamento antiético de nossos políticos. Regiamente pagos, ocupam-se principalmente de seus interesses, assaltando os cofres do Estado e praticando descaradamente o nepotismo. Seriam nossos homens públicos retrato fiel do povo brasileiro? Seria nossa gente, assim, tão desonesta? Nas linhas abaixo escrevo sobre o assunto, sem preocupação científica, como observador atento da trajetória de nossa sociedade.Gilberto Freire, em Casa Grande & Senzala, ao analisar o povo brasileiro, procurou dissecar as culturas que se miscigenaram para a nossa formação. Pretendo usar o mesmo itinerário para analisar a nossa política e seus atores principais.
Surgem os primeiros questionamentos:
-como seria a política nas sociedades indígenas, em nosso período colonial?
-e na sociedade africana, da mesma época?
-e, por fim, como seria a política e os políticos na sociedade colonial portuguesa?
Do índio brasileiro
A sociedade indígena era fragmentada em milhares de pequenas tribos independentes, sem um comando central. Cada tribo com seu cacique, seu líder espiritual, que era também o curandeiro e, quase sempre, um líder subalterno que cuidava da guerra. Hoje, após meio milênio do descobrimento, ainda existem 155 línguas indígenas no Brasil. Ou seja, 155 línguas ágrafas caracterizando 155 nações distintas. Imaginem este teatro há 500 anos? Quantas nações silvícolas existiam? Milhares de pequenos grupamentos sociais povoavam a terra. Desta forma, o poder era fragmentado e facilmente exercido por algumas famílias em cada tribo. Nem deputados, nem senadores, nem juízes. O grupamento social era simples e pequeno. Na sociedade indígena a vida fluía como um fio d’ água, montanha abaixo, naturalmente, seguindo a lei do menor esforço. Tribos muito pequenas, línguas ágrafas e leis não escritas. Assim, não se nota herança indígena no jeito brasileiro de fazer política e no comportamento de nossos homens públicos.
Do africano, escravo
Na África de hoje ainda são faladas 1753 línguas, caracterizando o mesmo número de nações, grupadas em 53 países. A sociedade africana da época colonial era ainda mais fragmentada. O negro que no Brasil chegou pertencia àquelas tribos menos favorecidas e, por esta razão, tinham seus membros escravizados e vendidos ao estrangeiro. Soberanos africanos faziam seu comércio vendendo rezes humanas, como uma mercadoria natural. Um homem valia uma cabra. Al Rachid, fundador de Bagdá, por volta de 800 de nossa era, possuía uma guarda formada por 700 africanos, bem castrados. A África exportava escravos para regiões diversas. O Egito sempre os importou, mediante a compra, imposição de tributos ou por meio da guerra.
Hoje, não obstante o continente africano seja dividido em 53 países, a sociedade negra continua fragmentada em 1753 nações, algumas, minúsculas. Excetuando-se o árabe, falado no Norte do Continente, a maior língua africana é o swahile, usado por 50 milhões de pessoas distribuídas pelo Kenya, Uganda, Tanzânia e países vizinhos. Se se levar em conta uma população atual de 790 milhões de almas, pode-se perceber a pulverização de pequenos governos tribais, cada qual com seu mfon, lamidô, obá, sultão, rei ou chefe superior. De acordo com a formatação política atual, essas tribos elegem prefeitos, deputados, governadores, cada qual representando uma etnia, um lugarejo, uma pequena nação tribal, que procura agir da forma mais nepótica e aética possível, protegendo seu grupamento pessoal e familiar.
Os países criados no século XX pelos ex-colonizadores são entes fictícios, existentes apenas no papel. A política que se pratica transfere renda para as famílias milenarmente poderosas, que na época do tráfego já pertenciam a uma elite despoticamente dominadora. A sociedade africana continua fragmentada. A diferença é que foi criado um poder fictício, formado por prefeitos que trabalham mal, juízes que abusam das leis, deputados de pouca utilidade, ministros sem força e presidentes que se perpetuam no poder. Pergunta-se: que herança o brasileiro recebeu do africano, com relação ao comportamento político?
Herdamos da cultura negra a subserviência aos poderosos. O africano foi o único povo do planeta que se submeteu à escravidão por tão largo período e de forma tão numerosa. Deixou-nos a subserviência e a incapacidade de exigir um comportamento mais ético dos poderosos. O grande poeta mineiro, Carlos Drummond de Andrade, retrata este traço cultural em “Confidência do Itabirano”[1]:
“ o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa”… |
Nenhuma revolução. Nenhuma manifestação de rebeldia. Nosso povo é humilde, pobre e de prazeres singelos: “uma pedra de ferro”, um São Benedito” que evoca um velho santeiro, “um couro de anta no sofá da sala de visitas”; pratica-se “o hábito de sofrer”… “de cabeça baixa”, doce herança do escravo que habitou entre nós, por tão largo tempo.
Do português, incrustado na administração de tão larga colônia.
Na formação dos Estados Unidos da América, os colonos saíram da Inglaterra à procura de uma nova pátria. Tinham sido expulsos pela intolerância religiosa. Não se miscigenaram com os nativos. Ao contrario, conquistaram a terra palmo a palmo, em longa guerra de ocupação. Conseguiram a independência usando a espada.
No Brasil, os portugueses vieram à procura da riqueza fácil com o objetivo de retornar a Portugal, assim que a fortuna lhes batesse à porta. Mas a distância da família fez com que os homens se acasalassem com as índias e com as escravas, embora carregassem grave preconceito de cor e pesadíssimo preconceito social, que até hoje, de forma mais branda, sobrevive em nossos lares. A administração da colônia foi preenchida com toda a sorte de gente à procura da fortuna, com o objetivo de retornar à pátria com a aposentadoria garantida. Essa administração portuguesa, que nunca permitiu a instalação de casas bancárias, nem de universidades, cultivava o analfabetismo dos servos. Negro é escravo: pra quê ler? Contrariamente, a religião protestante, implantada nos Estados Unidos, usava a Bíblia traduzida para o inglês e estimulava a sua leitura para que as pessoas pudessem conhecer a palavra de Deus. Mas, entre nós, até 1819, a Bíblia era em latim, como também os ofícios religiosos. O povo nada entendia daquele latinório. Incentivava-se a ignorância e a falta de leitura.
A partir de Dom Diniz, foram feitas várias versões de textos bíblicos, para língua portuguesa. Mas, em 1547, a Inquisição proibiu traduções da Vulgata, latina, para evitar más interpretações do texto de São Jerônimo. A Bíblia em língua portuguesa, aprovada pela Igreja Católica, data de 1819[2]. Mesmo assim, a Igreja não incentivava a sua leitura para evitar que os fieis pudessem entender erradamente seu conteúdo. A nossa primeira escola superior foi criada por D. João em 1811. Era a Escola Central[3], que ensinava engenharia militar. A partir de 1821 passou a graduar engenheiros civis. Hoje, seria o Instituto Militar de Engenharia-IME, no Rio de Janeiro. No Chile e no México as primeiras universidades foram criadas em 1551[4]. Na Argentina, em 1613[5]. |
Mas administração da colônia era criteriosamente escolhida. Exigia-se:
-“atestado de bons costumes”; este documento certificava que ascendentes do postulante, até avós paternos e maternos, jamais tinham executado trabalho braçal para ganhar a vida; o trabalho manual era desonroso, próprio de escravos e de pessoas de baixo nível;
-“atestado de limpeza de sangue”; nenhum ascendente paterno ou materno poderia ter traços negroides.
Interessante como estes dois preconceitos se entrelaçam na base da administração colonial brasileira.
-E que resultado produziu tão imaculada nobreza?
Há um texto sobre a administração colonial portuguesa, no Brasil e na Índia, escrito em 1655, pelo grande clássico português, Pe. Antonio Vieira, que passo a reproduzir:
“Porque começam a furtar pelo modo indicativo, porque a primeira informação que pedem aos práticos é que lhes apontem e mostrem os caminhos por onde podem abarcar tudo. Furtam pelo modo imperativo, porque, como têm o mero e misto império, todo ele aplicam despoticamente às execuções da rapina. Furtam pelo modo mandativo, porque aceitam quanto lhes mandam, e, para que mandem todos, os que não mandam não são aceitos. Furtam pelo modo optativo, porque desejam quanto lhes parece bem e, gabando as coisas desejadas aos donos delas, por cortesia, sem vontade, as fazem suas. Furtam pelo modo conjuntivo, porque ajuntam o seu pouco cabedal ao daqueles que manejam muito, e basta só que ajuntem a sua graça, para serem quando menos meeiros na ganância. Furtam pelo modo potencial, porque, sem pretexto nem cerimônia, usam de potência. Furtam pelo modo permissivo, porque permitem que os outros furtem, e estes compram as permissões. Furtam pelo modo infinitivo, porque não têm o fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes em que se vão continuando os furtos. Estes mesmos modos conjugam por todas as pessoas, porque a primeira pessoa do modo é a sua, as segundas os seus criados, e as terceiras quantos para isso têm indústria e consciência. Furtam juntamente por todos os tempos, porque do presente – que é o seu tempo – colhem quanto dá de si o triênio; e para incluírem no presente o pretérito e futuro, do pretérito desenterram crimes, de que vendem os perdões, e dívidas esquecidas, de que se pagam inteiramente, e do futuro empenham as rendas e antecipam os contratos, com que tudo o caído e não caído lhes venha a cair nas mãos. Finalmente, nos mesmos tempos, não lhes escapam os imperfeitos, perfeitos, plus quam perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtaram, furtavam, furtariam e haveriam de furtar se mais houvesse. Em suma, que o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo verbo: a furtar para furtar. E quando eles têm conjugado assim toda a voz ativa, e as miseráveis províncias suportado toda a passiva, eles, como se tivessem feitos grandes serviços, tornam carregados de despojos e ricos, e elas ficam roubadas e consumidas[6]”
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Para completar este quadro sinistro, a Justiça colonial portuguesa foi especialmente desenhada para a morosidade, para a lentidão processual e para inocentar os poderosos.
Caro leitor, seria necessário falar mais alguma coisa?
-Nossa gente é simples, pobre, de tesouros singelos, como retratou Drummond: “uma pedra de ferro”, “um São Benedito”, “um couro de anta no sofá da sala de visitas”;
-O povo é subserviente como o escravo que habitou entre nós: “o hábito de sofrer”, “esta cabeça baixa”;
-a Administração incentivou a ignorância, até recentemente, por força de gravíssimo preconceito social e necessidade de dominação;
-O quê mudou no Brasil, nos últimos trinta anos?
Em primeiro lugar, houve a implantação da democracia e de uma constituição (1988) avançada em termos de direitos humanos. Um Presidente foi destituído, vários governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores têm perdido seus cargos, de forma democrática e sem violência. Este fato exibe o robusto estado democrático implantado no Brasil.
A queda da inflação, a partir de 1994, aparece como fundamental marco no funcionamento das instituições. Afinal, sob alta inflação não existe moeda, credibilidade internacional, aposentadoria, seguros, financiamento da casa própria, política salarial, fianças bancárias, controle orçamentário nem mercadorias de qualidade fabricadas no exterior. Como dizia Nicolau Copérnico, a “deterioração do dinheiro” é uma desgraça como a guerra, a peste e o empobrecimento do solo.
A enorme inflação brasileira gerou, de 1980 a 1993, 54 mudanças na política de preços, 21 propostas de pagamento da dívida externa, 16 políticas salariais, 11 índices de preços, 9 planos de estabilização econômica, 5 congelamentos de preços e salários e quatro moedas diferentes. Neste mesmo período a inflação atingiu a fantástica soma de 146 219 946 300 % [7], ou seja, 146, 219 bilhões por cento; ou 622,514% por ano, ou 17,915% por mês.
A escola gratuita para a totalidade da população, embora primária e de baixa qualidade, é outro marco muito importante no processo de evolução de nossa sociedade.
Os programas sociais implantados nos últimos dez anos varreram o estigma da fome e transformaram 20% da população brasileira em pequenos consumidores. Este feito parecia impossível aos olhos de qualquer cidadão. Mas aconteceu. E o que se gasta representa apenas 7% dos juros que o Estado paga aos bancos para a rolagem da dívida interna. Tão pequena quantia para tão grande benefício. Muitos são contra esta distribuição de renda. Mas, é bom lembrar que o capitalismo não distribui, apenas acumula nas mãos dos poderosos. Por outro lado, gerar empregos para a totalidade da população é uma ilusão que custa muito caro. É muito dispendioso, demorado, e, no campo, é quase impossível. Distribuir dinheiro, em qualquer lugar, é muito mais barato e apresenta resultado imediato. Mesmo porque há sempre uma parcela da população que jamais vai trabalhar. Nem precisa. O mundo, cada vez mais, exige operários especializados.
Foi implantada a saúde para todos, embora de baixa qualidade. Longe da eficiência necessária, tem funcionado aos trancos e barrancos. Mas, avança.
Entretanto, muitos acreditam que aquela singeleza retratada pelo grande poeta não mais existe. Por força da globalização e das telecomunicações o brasileiro deixou de ser aquele caipira do interior, honesto e singelo. Já conhece as maldades da cidade grande e, quando ascende a uma boa posição pública, desanda a roubar. Não concordo com esta afirmação. Hoje, mais do que ontem, existem mais oportunidades de ascensão social. Já tivemos um Presidente operário, algo inimaginável no passado. Assim, todos temos mais chances de subir na vida, como nunca antes. E como, na política brasileira, o verbo rapio sempre foi conjugado “em todos os tempos e modos”, ladrões passaram a disputar obstinadamente as eleições em todos os cantões da Republica. A facilidade de ascensão pelo voto passou a atrair todas as aves de rapina. Mas o povo continua singelo. Assim, não creio que nossos homens públicos sejam retrato fiel do povo brasileiro. No Brasil, ser político é desonroso. Muitos pais educam os filhos para não se meterem na rapinagem. Oscar Niemeyer, o grande arquiteto, do alto de seus 103 anos, referindo-se à corrupção em entrevista recente, afirmou que Brasília foi transformada em penico, apesar de ter sido construída “com tanto amor e carinho, como se fosse um vaso de flor”. A respeito deste tema, em seu novo livro, A SOMA E O RESTO [8]: um olhar sobre a vida aos 80 anos, afirma Fernando Henrique Cardoso, com sua autoridade científica: “Estamos assistindo a tanta corrupção, tanto escândalo, tanta quebra de normas, tanto comportamento que não corresponde ao que deveria ser o comportamento exemplar dos que mandam”…
Veja, caro leitor, que as mudanças no país são numerosas, e, para melhor. Entretanto, a nossa forma de fazer política não mudou muito. O mal da corrupção continua intocado. Porque “furtam, furtaram, furtavam, furtariam e haveriam de furtar se mais houvesse… e os políticos, como se tivessem feitos grandes serviços, continuam carregados de despojos e ricos, e nossa gente fica “roubada e consumida”.
-“E agora, José?” Diria Drummond, em pleno exercício do “hábito de sofrer”..
-“Quousque tandem abutere pacientia nostra?”[9] Cícero se retorce no túmulo.
Fidencio Maciel, São Francisco, 26 de janeiro de 2012
- Andrade, Carlos Drummond de, Sentimento do Mundo, Editora Record. Trecho do poema “Confidência do Itabirano”
[9]– www.pt.wikipedia.org/Catilinarias “As Catilinárias (em latim In Catilinam I-IV) são uma série de quatro discursos célebres de Cícero, o consul romano Marcus Tullius Cicero, pronunciados em 63 a.C. Mesmo passados dois mil anos, ainda hoje são repetidas as sentenças acusatórias de Cícero contra Catilina, declaradas em pleno senado romano: “Até quando, enfim, ó Catilina, abusarás da nossa paciência?”
Parabens.
Muito bom texto, excelente como semrpe. Mas queria fazer o meu depoimento com relae7e3o a isso. Percebo sim, tudo isso acontecendo, mas se3o ve1rios acontecimentos paralelos em mundos diferentesa, em momentos diferentes, por que imagino um sistema isolado, por exemplo: um ser qualquer. Este se encontra em um grau evolutivo diferente dos demais ate9 por que o seu vizinho tbm passa pela mesma situae7e3o, mas com enfoques diferentes. Pra ser mais claro, seria como ve1rios alunos na mesma classe, sendo um bom em mateme1tica, mas ruim em portugueas. Outro bom em quedmica, mas ruim em fedsica, e assim por diante. Depois precisamos analisar todas essas facetas do aque1rio, sabendo que existem muitas varie1veis ontribuindo ou prejudicando o modus operandi de cada ser, por que cada um tre1s uma bagagem diferente, e que por isso possui determinadas abilidades e outros ne3o; coisas da cognie7e3o. logo precisamos entender cada um em sua especificidade como ser e como elemento participe do ambiente (aque1rio). Tal como o velho ditado: o sol nasce para todos, mas cada um absorve de forma diferente. Estamos no mesmo barco, mas o que cada um vai pescar depende de muitos fatores.
Parabéns por esta pérola. Um perfeito retrato da política brasileira.
Gostei do artigo , é completo e retrata totalmente a historia da cultura politica do nosso país , da para refletir bastante sobre o tema .
Peço aos leitores que leiam e critiquem. Muitos tem receio de criticar. Não fiquem receiosos. Se gostarem, indiquem.
Parabéns,gostei muito do artigo!
Dr. Fidêncio,
Tomei conhecimento deste “site” através de um amigo. Li seus artigos e fiquei muito bem impressionado com a clareza e a lucidez dos textos, sempre bem escritos e bem fundamentados. Muito interessante e esclarecedor esse, em especial, sobre a origem das práticas políticas em nosso país. Deveria ser objeto de estudo em nossas escolas e universidades. Parabéns! Trabalho em São Francisco e gostaria muito de conhecê-lo pessoalmente. Meu e-mail é hernaniof@yahoo.com.br.
Um abraço.
Hernani Fagundes.
Prezado HERNANI FAGUNDES,
muito obrigado pela atenção de ter deixado seu comentário.
O meu abraço.
Terei prazer em te conhecer. Meu telefone é: 38-99642317. Pode ligar. Quem sabe uma cervejinha de fim de tarde?