Bovinocultura de Corte

Fatores a serem considerados para escolha de uma raça

1-Objetivo

O objetivo deste é ajudar aqueles criadores que estão à procura de uma outra raça para implementar seu criatório. Que fatores devem ser considerados para a escolha de uma raça? Nas linhas abaixo procuramos dar uma luz para que cada um possa responder adequadamente à questão.

2-Introdução

As observações que se seguem são fruto de longa experiência na pecuária.

Em 1954, meu pai comprou um touro holandês, um dos primeiros desta raça a chegar à região de Pitangui, cidade histórica de Minas. O animal causou espanto na população local pelo berro muito diferente. As filhas deste touro produziram muito leite, para os padrões da época. Mas, devido à sua baixa rusticidade, algum tempo depois, meu pai comprou um mocho red pol, inglês e, mais tarde, um mocho nacional. Seu objetivo era produzir carne e leite. Cruzou o holandês com animais red pol, mocho nacional, gir, nelore, guzera, indubrasil, caracu e jersey…experimentando raça por raça. Até hoje, a produção de leite no Brasil ainda não encontrou a raça ideal, fazendo com que sejam usados diferentes cruzamentos, quase sempre com resultados insatisfatórios. De 1986 a 1999, tivemos nossa própria experiência com o bovinocultura de corte, no Norte de Minas, iniciando com 79 e terminando com 1150 vacas nelore. De 1999 a 2009, tivemos uma criação de caprinos bôer e mestiços, que foi reportagem de capa da revista Globo Rural em agosto de 2001, cuja experiência é relatada no livro “A Tecnologia do Cabrito do Cerrado”. E, a partir de 1991, temos criado búfalos murrah na região mencionada. A este animal dedicamos nosso livro: “O búfalo: que animal é este?” Fruto da própria observação, escrevemos estas linhas para que outros, mais treinados, errem menos.

3-Desenvolvimento

3.1-Fatores a serem considerados

A nosso ver, os fatores a serem considerados para a escolha de uma raça adequada para se criar são os seguintes:

-adaptação climática do animal;

-taxa de conversão alimentar;

-prolificidade;

-precocidade;

-rusticidade;

-montagem de um Plano de Negócio para a raça escolhida.

Vamos fazer uma pequena dissertação sobre cada um destes fatores.

3.2-Adaptação climática à região

São numerosas as raças bovinas existentes no Brasil mas podem ser divididas em dois grandes grupos: o grupo indiano (bos indicus) e o grupo europeu (bos taurus). Basicamente, o que diferencia estes grupos raciais é a adaptação climática: as raças européias aclimatadas ao frio e as indianas ao clima quente ou semiárido.

Temos visto criadores evoluídos importarem holandês do Canadá para o Brasil Central, embora saibamos que a raça holandesa seja muito delicada e de baixa rusticidade: como um animal aclimatado no Canadá poderia se adaptar ao cerrado? Conhecemos um criador de holandês que se gaba de possuir animais adaptados ao nosso clima ao justificar a grande produtividade de seu rebanho. O enorme sucesso do nelore no Brasil é creditado à sua perfeita adaptação climática ao Planalto Central e à sua enorme rusticidade. Vale ressaltar que a minha geração presenciou o advento desta raça que era quase desconhecida há 50 anos. Segundo dizem, 70% do nosso rebanho bovino, o maior do mundo, é nelore ou nelorado. Não obstante este fato, o Rio Grande do Sul continua com o hereford e com o devon, duas raças britânicas muito bem aclimatadas ao frio sulino.

A título de ilustração, mostramos um trecho extraído de “O búfalo: que animal é este?”

“Os búfalos apresentam características de resistência ao calor superior a qualquer outro animal doméstico, por possuírem algumas características morfológicas e físicas que facilitam uma maior adaptação dos mesmos às condições mais adversas do ponto de vista climático. Os pigmentos de melanina, ricos em sua pele, retém a radiação UV (ultravioleta), IF (infravermelho) e outras radiações, protegendo os animais dos efeitos perniciosos desse fenômeno. As glândulas sebáceas, mais desenvolvidas e ativas, produzem uma camada de secreção sebácea favorável à dissipação do calor e à retenção dos efeitos de substâncias úmidas como a água, lama, assim como a sombra e a ventilação. Sobre esses fenômenos estão envolvidos aspectos da secreção hormonal das diferentes glândulas endócrinas.”

Prof. Dr William Vale

Além de ser resistente ao calor, como ensina Dr William, o búfalo possui uma característica rara, não encontrada em bovinos, ovinos e caprinos: ele tem visão noturna. Desta forma, ele pode escolher a noite ou o dia para pastar, reproduzir, amamentar ou beber água procurando fazê-lo nas horas em que se sente mais confortável. Os bovinos também pastam à noite, com mais dificuldade, pois enxergam muito pouco com luz escassa. No Norte de Minas os dias são muito quentes. Nas horas de sol forte, das 11h às 16h, os búfalos dormem preguiçosamente às sombras dos pequizeiros, optando pela pastagem durante a noite fresca. No escuro, enquanto ovinos, caprinos e bovinos dormem, os búfalos pastam e reproduzem. Esta característica confere ao búfalo uma vantagem enorme em relação aos bovinos. Ele “foge” dos rigores do clima.

“O nelore também possui importantes características termorreguladoras:

-a pelagem branca reflete grande parte da radiação solar;

-a pele do bos indicus é pigmentada, bloqueando parte da ação dos raios infravermelho e ultravioleta; enquanto a pele do bos taurus é despigmentada, fazendo com que não resista à luz solar intensa;

-a barbela do boi indiano funciona como um trocador de calor, como um dissipador de energia calorífica; é o “radiador” do boi;

-as raças indianas possuem maior quantidade de glândulas sudoríparas do que as européias.”

Não pretendemos discorrer sobre este assunto por nos parecer óbvio. Mas temos visto muita gente tropeçar ao preferir raças não adaptadas à região. O animal não aclimatado vive sob stress e produz menos, ou seja, gera prejuízos. Escolha uma raça aclimatada à sua região. A luta contra os rigores climáticos é inglória.

3.3-Taxa de conversão alimentar.

Fala-se pouco sobre este assunto. Mas, qualquer transportador ao escolher um novo caminhão, procura saber quanto ele gasta em manutenção e combustível. E, se o veículo “gasta muito” é automaticamente descartado. Contrariamente, ao anunciar o sêmen de um touro fala-se sobre a rusticidade,  precocidade, prolificidade  e o ganho de peso. Mas, raramente se fala sobre a taxa de conversão alimentar. Existem poucos trabalhos publicados sobre o assunto. As características dos touros são alardeadas, mas pouco se fala sobre “o quanto ele gasta”.

Analise uma vaca Jersey: está sempre magra, sempre mostrando as costelas. Por que? Porque o alimento ingerido é transformado em leite e, não, em carne. A raça é leiteira. Assim, a taxa de conversão alimentar do gado Jersey, para a carne, é baixíssima. Com o nelore acontece o contrário: tudo o que come é transformado em peso.

Subsistem as perguntas:

-entre as raças indianas, qual possui melhor taxa de conversão alimentar? Seria o nelore? O guzerá? O gir? O sindi? O que interessa é a quantidade que come para engordar um kilo. O tamanho do animal não é importante. Se fosse, todos deveríamos criar elefante e ninguém criaria pinto.

Veja este trabalho publicado por Prof. Dr. Pietro Baruselli, pesquisador e professor da USP(“O búfalo: que animal é este?” Fidencio Maciel de Freitas, gratuito no site www.africamae.com.br.).

“Em pesquisa realizada no Estado de São Paulo por Prof. Dr Velloso para avaliar a eficiência nutricional de bubalinos, zebuínos (Nelore) e taurinos (Holandês) confinados com cana de açúcar (ad libitum); 2kg de soja in natura; 2kg mandioca e mistura mineral foram observados os seguintes resultados:

Consumo total de matéria seca (por animal, 112 dias de confinamento) e conversão alimentar segundo espécie. Velloso et al. (1994)”

 Espécie Consumo total de MS Ganho de peso diário (Kg) Conversão alimentar
Búfalo 4.426,7ª 0,929a 7,126a
Zebu (Nelore) 4.881,9ª 0,880ª 8,518b
Holandês 5.529,8b 0,845a 10,034b”

Este experimento mostrou que o nelore comeu 19,5% e o holandês 40,8% mais do que o búfalo, respectivamente, para ter o mesmo aumento de peso. Em outras palavras, a conversão alimentar do búfalo foi 19,5% melhor do que a do nelore e 40,8% melhor do que a do holandês. Acredita-se que esta melhor taxa de conversão alimentar se deve a duas características fundamentais:

-a) a flora bacteriana existente no rumem do búfalo é muito diferente e mais eficiente do que a flora bacteriana existente no rumem do boi, no que se refere à digestão da fibra crua dos volumosos;

-b) o bolo alimentar passa mais lentamente no rumem do búfalo do que no rumem do boi; dando mais tempo à absorção dos nutrientes ingeridos.

Temos visto criadores que fazem maravilhoso cruzamento industrial mas desconhecem a taxa de conversão alimentar das raças postas em cruzamento. E, pior ainda, não conhecem a taxa de conversão dos animais produzidos comparadas com as dos animais de origem. Ou seja, devem estar melhorando outras características raciais como a rusticidade, a prolificidade e a precocidade. Mas, a que custo? Qual a taxa de conversão alimentar obtida?

Ouvimos de alguns criadores que o búfalo come muito. É verdade. O búfalo é muito grande. Mas, possui melhor taxa do que o nelore. Ou seja, “gasta menos”. É mais “econômico” como dizem os operadores de máquinas ao se referirem aos gastos de certos equipamentos. Impressiona-me o fato de alguém defender a adoção de uma raça sem conhecer a sua eficiência nutricional. Afinal, “quanto gasta” para engordar um kilo?

3.4-Prolificidade

-Que seria a prolificidade?

-Seria a quantidade de crias por ano, geradas por uma fêmea.

É claro que a prolificidade depende da raça, do manejo, da alimentação e da adaptação climática.

Vamos ilustrar este assunto com um exemplo marcante.

Quando se fala em prolificidade, lembramos do cabrito.

Existe algum ruminante mais prolífico?

Vivendo na África, tivemos a oportunidade de estudar diversos antílopes africanos em busca de um ruminante prolífico que pudesse ser criado no cerrado brasileiro. Observamos o período de gestação de cada antílope, concluímos que  nenhum se compara ao cabrito que possui gestação de 5 meses. Já imaginou se uma vaca parisse com 5 meses de gestação?

Veja este texto extraído de “A Tecnologia do Cabrito do Cerrado(A Tecnologia do Cabrito do Cerrado”,  Fidencio Maciel de Freitas, 2008, gratuito no site www.africamae.com.br.)”
“Crescimento do Rebanho Caprino, mestiço bôer.-taxa de nascimento de 1,35 cabritinhos por parto;-um parto a cada 10 meses, com primeiro parto aos 14 meses; ou seja, 5 partos em 54 meses, contando da data de nascimento da genitora; isto dá um parto a cada (54/5)=10,80 meses ou 12/10,8=1,11 partos por ano, contando da data de nascimento da matriz;-taxa de mortalidade infantil de 8% por ano

-taxa de mortalidade adulta de 5% por ano

-taxa de parição de 80%, aqui incluídos 6% de abortos;

-taxa anual de crias, descontadas as mortes adultas, infantis, abortos e não prenhezes: 1,35×1,11×0,92×0,95×0,8= 1,047 cabritinhos por cabra por ano.

Em 70 meses de criação o cabrito produz 17 gerações.”

Nota

Quando a cabra pare apenas um cabritinho, ele nasce mais pesado, grandão, normalmente acima de 3,2kg e dificilmente morre. Quando o parto é triplo, o ultimo a nascer é fraquinho, via de regra com peso abaixo de 1,7kg e difícilmente sobrevive, mesmo porque logo após o parto é injeitado pela mãe que lhe nega o peito. Aquele que já é fraco, torna-se ainda mais vulnerável.  O parto duplo é desejável.

Vamos comparar? Na mesma fazenda, nosso maravilhoso rebanho nelore crescia:

-taxa de nascimento de 1 bezerrinho por parto;

-um parto a cada 16 meses, com primeiro parto aos 36 meses; ou seja, média de 5 parições em 100 meses ou 0,6 bezerrinhos por ano, contados da data de nascimento da matriz; isto dá um parto a cada (100/5)=20 meses ou 12/20=0,6 partos por ano, contando da data de nascimento da genitora;

-taxa de mortalidade infantil de 2% por ano

-taxa de mortalidade adulta de 2% por ano

-taxa anual de parição: 70%;

-taxa anual de crias, descontadas as mortes adultas, infantis, abortos e não prenhezes: 1×0,6×0,98×0,98×0,70= 0,40 bezerrinhos por vaca por ano, contados da data de nascimento da matriz.

Atualmente, esses números referentes à prolificidade do nelore não mais são aceitos. Para se conseguir a prenhez usa-se hormônio, inseminação artificial e repasse de touro; e  a matriz não prenhe é descartada. Consegue-se reduzir o intervalo entre partos, digamos, para 14 meses e a taxa de parição é aumentada para 90%, ao invés de 70.

Com esta tecnologia, os números passariam a ser:

-1×0,652×0,98×0,98×0,90= 0,56 bezerrinhos por vaca por ano, contados da data de nascimento da matriz.

Continuando a comparação… Na mesma fazenda, nosso maravilhoso rebanho bubalino cresce:

-taxa de nascimento de 1 bufalinho por parto;

-um parto a cada 12 meses, com primeiro parto aos 36 meses; ou seja, média de 5 parições em 84 meses ou 0,714 bufalinhos por ano, contados da data de nascimento da matriz; isto dá um parto a cada (84/5)=16,8 meses ou 12/16,8=0,714 partos por ano;

-taxa de mortalidade infantil de 2% por ano

-taxa de mortalidade adulta de 2% por ano

-taxa anual de parição: 92%;

-taxa anual de crias, descontadas as mortes adultas, infantis, abortos e não prenhezes: 1×0,714×0,98×0,98×0,92=0,63 bufalinhos por bufala por ano, contados da data de nascimento da matriz.

Conclusão:

-o cabrito é 87% mais prolífico do que o nelore criado com alta tecnologia; e 66% mais prolífico do que o búfalo.

-o búfalo é 12,5% mais prolífico do que o nelore criado com alta tecnologia.

-Por que o búfalo é mais produtivo do que o boi?

-A alta produtividade deste animal se deve à sua poderosa adaptação climática:

#ele é estacionalizado, ou seja. possui estação de monta natural,  parindo e desmamando na época adequada;

#a primeira muda se dá aos 24 meses, e, não aos 18, fazendo com que tenha mais facilidade para se alimentar e crescer nesta fase;

#ele “foge” dos rigores do clima ao trocar o dia quente pela noite fresca, e vice-versa, dependendo do rigor climático, podendo pastar durante o dia ou no correr da noite;

#a fêmea cria simultaneamente um bufalinho no peito e outro no ventre; #a população bacteriana do rúmen é mais eficiente na digestão da celulose;

#o bolo alimentar passa mais lentamente no intestino do búfalo.

O nelore cria o bezerrinho até bom tamanho antes da próxima prenhez, dependendo da alimentação e do manejo, que deve ser adequado para que a vaca nelore enxerte mais rapidamente. Alguns usam alta tecnologia, ou seja, cio induzido, inseminação artificial, repasse de touro e descarte das não prenhes. Obviamente, há que se evitar o “efeito sanfona”, aquele emagrece-engorda-emagrece tão comum no Brasil, devido a alternância entre períodos secos e chuvosos.

Antes de se decidir, pesquise o assunto:  existem raças mais prolíficas.

3.5- A precocidade

Ao falarmos em precocidade, novamente lembramos o cabrito com primeiro parto aos 14 meses. Se for bôer ou mestiço, permite abate aos 5 meses, sem castrar, com carcaça de 25kg. Havendo castração aos 6 meses, a idade de abate passa para 10 meses com 40kg de carcaça.

A EMBRAPA possui no estado do Pará um programa de criação de bubalinos chamado “peito e pasto”, animal criado com o leite todo, cujo objetivo é abater o búfalo aos 12 meses com 14 arrobas. Bem nutrido, não é difícil 18 meses, 16 arrobas.

Hoje, a pesquisa tem buscado animais cada vez mais precoces. Como exemplo, citamos o jersey  que pode dar a primeira cria aos 24 meses. Este tema tem sido objeto de muita dedicação de criadores e pesquisadores.  Se puder, escolha uma raça de maior precocidade.

3.6- A rusticidade

Podemos defini-la como a capacidade do animal resistir a patologias.

Entram em cena as raças indianas, principalmente o nelore, “o boi que não adoece”. Muitos acreditam que o cabrito seja rústico. É claro, ele suporta muito bem a seca e detesta chuva. Mas, comparado com o nelore, é frágil com relação às patologias mais simples. A taxa de mortalidade facilmente pode atingir 10%, podendo chegar a 20. Não se pode descuidar. O animal é delicado. Devido a este fato, a criação é trabalhosa. Adoeceu, morreu. As raças brasileiras canindé, moxotó e repartida são mais rústicas, mas menos prolíficas, dando 1,2 cabritinhos por parto; alem disso, são descarnadas, incomparavelmente inferiores à bôer, que apresenta um pernil carnudo e suculento aos 5 meses. Por outro lado, nossa experiência com o nelore nos ensinou que é fácil se conseguir uma taxa de mortalidade de 2% ao ano. Aqui, no Norte de Minas, 40% desta taxa de mortalidade é devida à jararaca e ao cascavel. O nelore “não dá trabalho”: “não tem” problemas de parto, o bezerrinho mama sem ajuda e “não adoece”. Há que se curar o umbigo. Contrariamente, a mamada do cabritinho tem que ser assistida 2 vezes ao dia na primeira quinzena de vida. Exige pastor com muita vocação, treinado e cuidadoso. Exige maternidade bem montada, cabras bem nutridas e pastor vigilante. Qualquer descuido provoca perdas.

O guzerá e o gir, por terem tetas caídas e grossas, exigem mamada assistida nos primeiro dias de vida do bezerrinho. Mas são animais muito rústicos. Entre todas as raças bovinas, talvez a menos rústica seja a holandesa. É inacreditável o consumo de antibióticos nas fazendas que criam esses animais. Não conhecemos ruminante mais frágil.

3.7- Montagem de um Plano de Negócio, envolvendo a raça escolhida.

É absolutamente necessário o desenvolvimento de um Plano de Negócio, detalhado, envolvendo a raça escolhida.

Qualquer atividade econômica é comandada pela comercialização dos produtos. Assim, ao definirmos a produção de um bem, é necessário que a comercialização deste bem seja bem definida:

-o quê vamos produzir? Animais para abate? Fêmeas para cria? Machos para recria? Touros? Sêmen?       Salsicha, hamburger, carne-de-sol, charque? Leite, queijos, mozarela, bebida láctea, yogurt, achocolatados? Doce de leite?

-quem é meu cliente? O supermercado? A padaria? O restaurante? O laticínio? Outro criador? Fazer uma relação de possíveis clientes;

-em que região vamos vender nossos produtos?

-a clientela é boa? Compra e paga corretamente? Como é o recebimento? Cheque pré-datado? Boleto bancário?

-que preços esperamos praticar? São compensadores?

-concorrência bem analisada: fazer uma relação de concorrentes e preços praticados;

-qual será o nosso diferencial? Preço baixo? Bom atendimento? Melhor qualidade?

Estas perguntas têm que ser detalhadamente respondidas, com segurança.

Vamos mostrar alguns aspectos.

É mais fácil criar uma raça preferida pelos criadores da região, pelas facilidades de comercialização que apresenta: pode-se vender ou comprar touros facilmente; sêmen ou fêmeas para procriação; bezerros para recria ou animais para abate. É o caso do nelore.

Ao adotarmos uma raça não usual, pode ser difícil a compra de sêmen ou a aquisição de touros para a renovação sanguínea do plantel e, pior, ter dificuldade na venda de animais. É o caso do búfalo: em poucas regiões do Brasil ele é bem aceito. Da mesma forma, não se vê um devon ou um hereford em Minas, apesar de serem raças muito utilizadas no Rio Grande do Sul.

A aceitação de uma raça, comercialmente falando, compreende quatro aspectos: facilidade de venda de fêmeas para cria, facilidade de venda de machos para recria; facilidade de venda de animais para abate e facilidade de compra de touros.  Ao escolher, analise com atenção estes aspectos comerciais porque eles formam a base do negócio.

Muitos criadores optam por não terem o frigorífico como cliente, pelo risco no recebimento. Preferem fornecer animais jovens a outros criadores, evitando possíveis não recebimentos na comercialização. Outros preferem vender ao supermercado o produto acabado: hamburgers, salsichas, charque, queijo, manteiga, mozarela, doce-de-leite etc.

A inadequada definição do negócio pode determinar o seu insucesso.

Estas perguntas parecem fáceis de ser respondidas mas não o são. Normalmente, os criadores se empolgam com uma raça e se esquecem de montar o negócio: eles formam uma criação, se empolgam com ela e, depois do primeiro insucesso comercial, tentam viabilizar a comercialização. O que se recomenda é começar pela concepção do negócio. Após uma visão comercial bem clara, faz-se a montagem do criatório com linhas voltadas para o objetivo comercial traçado, com produtos e clientes bem definidos; concorrência analisada e preço compensador; estratégia de conquista de mercado bem concebida.

Tendo feito tudo isto, ainda se erra muito. Não aconselhamos a utilização de empréstimos para a montagem do negócio. Porem, recomendamos a utilização de empréstimos na fase de expansão, quando já se domina a atividade negocial como um todo.

Sucesso!

Fidencio Maciel, agosto de 2011

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3 respostas para Bovinocultura de Corte

  1. Wendy disse:

    nelore disse:Unasul funcionaria se nao hoevsuse bezerros desmamados como Hugo Chavez, Ivo Morales e Correa. Como se propoe um pais democratico, tentando reformular leis democraticas para governar melhor como o Brasil se expor a extremismo descabelado,comunista,guiados por inuteis em Havana como o jagunco de Caracas. Uma leitura mais minuciosa do que esta fazendo Chavez na Venezuela se torna a Unasul morta no nascimento, ou pelo ao menos sem o Brasil usar seu impeto para leva-la adiante com mais forca. Esses tres paises desmancham a democracia e depois correm para o respaldo do Brasil, ou Chile para explicar o que fizeram.O Brasil deve se distanciar de ditadores imbutidos como Chavez, e acho que, finalmente, a Dilma esta pronta para faze-lo. E muita hipocrisia sentar numa mesa com alguen como Chavez e falar de assuntos democraticos como se fora um Bolivar verdadeiro.Venezuela, de uma solida democratica nacao, com seus corruptos de praxe latino americanos, a uma ditadura disfarcada de democracia, comandadas por uma podre, pobre Cuba.

  2. olimpio maciel de freitas disse:

    Tudo que vc escreveu esta correto.Escrevi a resposta mas nao vou mandar.
    Prefiro conversar com vc so nos dois.
    Um abraco
    Do seu irmao
    olimpio maciel de freitas

  3. Fidencio Maciel disse:

    Mano,
    muito obrigado! Vamos conversar!
    Fidencio

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